Por Julia Duarte, jornalista e escritora do livro “A Revolução Silenciosa: descansar”
“Vivemos nossas vidas como um globo de neve. Perdemos tempo, energia, palavras e dinheiro tentando fazer o globo de neve nunca parar. Desta forma, não temos que enxergar a verdade impetuosa dentro de nós”, escreve a escritora Glennon Doyle.
Isso acontece quando você vive sua vida sacudindo o globo para que a neve esteja sempre voando e cobrindo o que está do lado de dentro. Quem olha por fora acredita que tudo é bonito.
Nas redes sociais é hábito viver uma vida de encenações. Ninguém tem fracassos ou dias ruins, porque dor e o desconforto são quase indignos de um bom post.
Há aqueles que apreciam a beleza que existe na dor, mas só quem vive de verdade pode ver.
Há aqueles que acham que a dor é uma batata quente. No minuto em que ela aparece o lance é jogá-la para o lado ou em cima de alguém.
- Existe a possibilidade de jogá-la no exagero com a comida;
- Na bebida, na esperança de apagar as dores não sentidas;
- Nos remédios ou drogas, para anestesiar aos sentimentos;
- Nas compras, na tentativa vã de preencher vazios que os bens materiais jamais serão capazes de suprir.
O caminho de fuga é satisfatório por um tempo, mas não resolve o problema (e pode até criar outros).
Não precisa ser muito esperto para perceber que fingir felicidade, para você e para os outros, é a fórmula mais útil para a infelicidade.
É preciso maturidade para desaprender o processo de sorrir quando sente dor só para dar continuidade ao teatro da vida.
Abandone o personagem e seja autêntico. A dor precisa ser encarada. Ninguém se cura de uma aflição a não ser sofrendo-a.